Colunista
Marcos Villanova de Castro

22.07.14
Back to reality

A Copa acabou.
Nada mais de bandeiras verde-amarelas nas janelas, fim dos foguetórios e buzinaços comemorando as vitórias.
Os jornais, revistas, rádios e televisões voltam às suas pautas normais e as notícias sobre os jogos, os gols, os lances espetaculares e os hinos emocionalmente cantados pelas torcidas saíram de campo, substituídos pelas notícias de sempre: corrupção, violência urbana, inflação, CPIs, impostos, crise.
Em outras palavras: voltamos à realidade.

E entre todos os eventos que esta mesma realidade – a Mãe das Surpresas e do Inesperado – pode estar engendrando para nós neste segundo semestre do ano da graça de 2014, destaca-se o dia 5 de outubro, quando vão acontecer as eleições, em que escolheremos governadores, deputados federais, senadores e presidente da República.

Penso que esta eleição – e me refiro à presidencial – acentuará ainda mais um cenário que já pode ser percebido nas eleições de 2010. Concordo com os analistas que veem o eleitorado brasileiro dividido em três segmentos básicos:

- 35% de eleitores que votam no PT seja quem for o candidato do partido;
- 35% de eleitores que não votam no PT seja quem for o candidato do partido;
- 30% de eleitores que – como fiéis da balança – podem decidir a eleição, pois votam junto ao primeiro ou ao segundo segmento, conforme seu "humor" de momento.

É que, diferentemente dos dois primeiros segmentos – formados por militantes e por cidadãos mais politizados –, os componentes do terceiro grupo não levam em conta "apenas" a ideologia ou as condições racionais e objetivas (que resultam dos desempenhos econômico e administrativo).
Eles consideram também as condições subjetivas, isto é, aquelas que resultam dos valores morais, sociais, históricos e religiosos.
Fica óbvio que os marqueteiros dos candidatos focarão seus esforços em criar, durante a campanha, uma narrativa capaz de convencer este grupo a decidir a favor de seus clientes.

Fazendo parte de qualquer um dos segmentos acima – e mesmo com os não poucos defeitos de nosso sistema eleitoral – nós, brasileiros, estaremos diante de mais uma oportunidade democrática de influenciar no futuro da nação.

Estou entre aqueles que se recusam a aceitar que estamos condenados a ser uma nação de segunda ou terceira categoria.
Alguém já disse que não existem democracias ingovernáveis, mas sim democracias mal governadas.
Que façamos a escolha que nos pareça a melhor, mas, depois que o vencedor seja consagrado nas urnas, lembremos da frase de H. L. Menken: "Um homem decente envergonha-se do governo sob o qual vive".

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