Colunista
Marisa Villela

17.12.12
Tariffario romano

Exposto na entrada de uma conhecida casa na cidade de Roma, naquele ano de 1923, era providencial o anúncio para incentivar a freguesia masculina. O local parecia ter boas instalações e garantia aquecimento para dias e noites do inverno europeu. Toalhas, água e sabão eram cortesias. Não há informações sobre a qualidade das atendentes.

A tabela de preços fazia jus aos serviços oferecidos, e ainda dava desconto para militares e estudantes. Não está claro se o cliente deveria mostrar a habilitação antes ou depois. E os veteranos da I guerra, seriam considerados militares ou civis para a dona do bordel?

A lista é restrita a poucos itens. Caberia ao cliente fazer as variações – e pagar por elas. Vejamos o que oferece a tal “renomada casa de prazeres”:

A sveltina, como até hoje se chama em italiano o sexo sem preliminares, seria mais apropriada aos jovens e estudantes pelo preço barato e compatível à brevidade do ato. Pudera, por cinco minutos não dá para perder tempo falando da chuva ou filosofando sobre a vida. Ia-se direto ao ponto. O cliente já deveria chegar ao estabelecimento preparado para a investida. Rápido e rasteiro, praticava o sexo apressado e lá ia se embora para seus afazeres.  A moça, por sua vez, ganhava um dinheirinho fácil porque nem precisava tirar a roupa, bastando liberar a via de acesso. Uma almofadinha para apoio e um pouco de óleo no alvo desejado, ela estava pronta para ceder o seu quintal.

Já o sexto normale, um pouco mais caro, era a serventia da casa. Nenhuma surpresa ao freguês. Ele obtinha exatamente o que estava previsto, da mesma forma e na mesma posição que se faz desde os tempos imemoriais. Também era um procedimento rápido, em torno de dez a quinze minutos, e de frente para o mar.

Como em todo bom estabelecimento comercial sempre há vantagem para aquele que gastar um pouquinho mais, nesse não era diferente. Ao invés de trinta minutos, o cliente que consumisse uma hora ganharia um pequeno desconto. Por apenas 30 centavos a mais, naqueles tempos fascistas, devia ser um bom negócio. E, convenhamos, em sessenta minutos já dá para oferecer um serviço bem melhor. E freguês satisfeito, volta. E recomenda aos amigos.

Mas nada se compara ao preço mais alto da tabela, que ocupava duas moças ao mesmo tempo. Aí, sim, é que o visitante poderia dar vazão à sua criatividade e obter as luxúrias mais diversificadas, com cada moça exercendo sua atividade conforme o estilo e a habilidade. Reparem que no tarifário, para essa sessão, não há tempo limite. Pelo preço cobrado, só os mais abastados que podiam pagar e, para estes, tudo e todas, por quanto tempo quisessem. 

Assim sempre foi o mundo. E ainda dizem que o dinheiro não traz felicidade....










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