Colunista
Franco G. Rovedo

18.06.14
Duas histórias
Foto: Divulgação

“Easy Eddie”

Na Chicago dos anos 20 e 30, um nome controlava a grande maioria dos crimes: Al “Scarface” Capone. Contrabando, prostituição, roubos e assassinatos sempre foram suas atividades principais, e um dos grandes responsáveis pelo criminoso viver fora da prisão foi “Easy Eddie”, seu advogado. Edward exercia a profissão com tamanha maestria, que conseguia evitar que a lei fosse usada contra seu contratante, que permanecia impunemente liderando a onda de crimes.

Pelos seus serviços, Eddie ganhava muito bem e vivia de acordo com isso. Morava em uma bela mansão e desfrutava dos prazeres do dinheiro sujo com o qual o patrão lhe remunerava.

Embora envolvido com os mais inescrupulosos gangsters da América, Eddie amava profundamente seu filho, e era um dedicado pai. O garoto era sua prioridade, e, assim, mantinha-o longe dos seus negócios, além de lhe dar uma ótima educação. Apesar do seu envolvimento com o crime organizado, queria que seu filho fosse alguém melhor do que ele, não só profissionalmente como moralmente. Missão difícil pela falta de exemplo e do sobrenome que certamente marcaria o filho para o resto da vida. Este era o maior fardo que carregava e precisaria corrigir isto a qualquer custo.

Para tentar resolver o impasse, o advogado tomou uma decisão importante e difícil; resolveu testemunhar contra Al Capone e ajudar a corrigir as injustiças que havia ajudado a cometer. Como esperado, “Scarface” não o perdoou, e uma semana antes de ser solto, em 1939, Capone mandou assassinar Eddie.

 

“Butch” O’Hare

“Butch” O’Hare era um piloto de caça operando no porta-aviões Lexington no Pacífico Sul durante a II Guerra Mundial.

Durante uma missão, O’Hare percebeu que haviam esquecido de encher completamente os tanques de combustível do seu avião, o que o impediria de chegar ao destino planejado. Acatando a ordem do líder do voo, saiu da formação e iniciou sozinho o retorno ao porta-aviões.

A meio caminho de sua frota, percebeu algo aterrador: um esquadrão de aviões japoneses voava naquela direção. Com os caças americanos afastados da esquadra, ela ficaria quase que completamente indefesa ao ataque. Não havia combustível suficiente para alcançar seu esquadrão e a distância era muito grande para avisar a frota da aproximação do inimigo. A única opção seria um blefe suicida. Ignorando sua segurança, ele mergulhou sobre a formação de aviões japoneses, tentando desviá-los da frota.

Os canhões calibre 50 mm, montados nas asas do seu F4F Wildcat, disparavam enquanto ele atacava de surpresa o inimigo. “Butch” atirou em todos os aviões japoneses pelos quais passava em alta velocidade. A formação se rompeu, imaginando tratar-se de uma esquadrilha completa. Vários inimigos foram derrubados ou seriamente danificados. Mesmo sem munição, O’Hare continuava mergulhando ameaçadoramente sobre a força japonesa. Certos que haviam sido atacados por um grande número de caças americanos, e perdido o fator surpresa, o esquadrão japonês mudou o curso e bateu em retirada.

Mesmo com a aeronave bastante danificada, “Butch” O’Hare conseguiu chegar ao seu porta-aviões. O filme do equipamento sincronizado com as armas do avião mostrou a extensão da ousadia do piloto em atacar o esquadrão japonês para proteger a frota. As câmaras homologaram a derrubada de cinco aeronaves inimigas. Assim, no dia 20 de fevereiro de 1942, “Butch” se tornou o primeiro Ás da marinha americana na 2ª Guerra Mundial, e o primeiro aviador naval a receber a Medalha de Honra do Congresso.

No ano seguinte, “Butch” morreu em combate aéreo com 29 anos de idade, e, hoje, o Aeroporto O’Hare, o principal de Chicago, tem esse nome em tributo à coragem deste grande homem que carregava o sobrenome de seu pai; aquele que já havia sido mais conhecido como... “Easy Eddie”.

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