Colunista
Armando de Souza Santana Junior

12.08.14
Brasserie Balzar

Paris 1947. A Europa Ocidental estava ameaçada por uma invasão soviética. Albert Camus e Jean-Paul Sartre almoçavam na Balzar.

– O que você vai fazer se os sovietes atacarem?, pergunta Sartre.

–Eu vou me unir à resistência, como Malraux. E você?

–Eu não vou atirar contra o proletariado, respondeu Sartre.

A história não registrou o que eles comiam na ocasião.

Descobrimos, minha mulher e eu, a Brasserie Balzar por acaso, passeando à tarde pela Rue des Ecoles, próximo à Sorbonne. Encantados pelo lugar que nos pareceu tradicionalíssimo (foi aberta em 1890), fizemos uma reserva para o jantar e retornamos o mais cedo possível.

O restaurante é uma espécie de instituição em Paris e foi junto com o Le Procope, La Closerie de Lilas e o Botin, em Madri, um dos restaurantes históricos para um mergulho ao passado que melhor nos impressionou. As paredes da Balzar estão cheias de fotos em preto e branco do cotidiano do restaurante e dos assíduos clientes dos séculos 19 e 20. Infelizmente o lugar foi vendido ao Grupo Flo, que possui uma rede de restaurantes espalhados pela França, mas que manteve de forma impecável a tradição, os velhos garçons, a decoração original e um menu tradicional. Ali, imersos na década de 40, degustamos um bom Steak Tartare e um honestíssimo Entrecôte. O serviço cortês, entretanto, vai depender do garçom que o atender, mas a visita é de fato uma volta ao passado e vale cada minuto. Antes de irmos embora, notei um senhor magrinho de óculos em um canto bebericando sozinho e fiquei a imaginar senão seria Sartre a espera de Camus e que voltara para reviver os velhos tempos.

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