Colunista
Armando de Souza Santana Junior

09.05.13
Caça ao pastor

Em 1692, a pequena comunidade de Salém, em Massachussets, colônia americana da Nova Inglaterra, foi tomada de assalto por uma onda devastadora e sanguinária de fanatismo religioso e intolerância, com a perseguição às mulheres e alguns homens acusados de prática de bruxaria. Tudo em decorrência de algumas historietas sobre vodu contadas pela escrava Tituba, originária das Índias Ocidentais. Cento e cinquenta pessoas foram acusadas e vinte pessoas foram julgadas e executadas por prática de bruxaria. As mortes foram bárbaras, medievais e posteriormente consideradas pelo próprio julgador como um “lamentável” erro.

Em 2013, a capital federal foi assolada por uma onda perversa de perseguição por parte de ativistas gays ao pastor Marco Feliciano, um controverso religioso nomeado como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Junto com essa orda de perseguidores, juntaram-se militantes tradicionais como os artistas, que, como sempre, pensam em bloco, e ainda os intelectualoides de plantão. Todos esses néscios são capitaneados pelo intolerante homossexual radical deputado federal Jean Wyllys, que o quer fora da Comissão por entender que o mesmo é homofóbico e racista, pois tal qual a escrava Tituba, andou o pastor contando historietas sobre Noé e a origem religiosa dos africanos, tendo como agravante não apoiar os pleitos da militância homossexual.

Todos esses ativistas, a exemplo dos aldeões de Salém, querem o “couro” de Feliciano e de quem quer que pense como ele. Não interessam diferentes convicções religiosas e sociais. Feliciano já está condenado por não apoiar o homossexualismo e o casamento gay e por isso deve sim ser mandado à fogueira das bruxas. Não importa o que Feliciano pense, faça ou o que deixe de fazer em favor de outras denominadas minorias fora da categoria homossexual. Mesmo se por acaso for competente, dedicado e tiver um plano de ação, isso deve ser desconsiderado. O fato que conta é que ele conta “historietas aterradoras” e pensa diferente dos gays. Então, deve ter um julgamento sumário, condenado e devidamente executado.

Não sou homofóbico, não conheço o pastor Feliciano, não sou seu simpatizante, nada sei do seu passado e até professo uma religião diferente da dele, mas certamente reconheço o abuso e a intolerância quando os vejo. O patrulhamento e a perseguição implacável que Feliciano vem sofrendo desses fanáticos ativistas gays, com a fúria de um Torquemada, passaram do limite do tolerável e deixam desconfortável quem acha que a família se forma entre um homem e uma mulher.

Jean Wyllys surgiu num reality show feito para videotas como novidade midiática por se declarar homossexual. Nada demais. Daí por diante agarrou-se a essa rara oportunidade para transformar-se no Harvey Milk brasileiro e catapultar uma oportunista carreira política baseada na plataforma dos direitos gays, não se importando em desrespeitar e afrontar quem pense diferente, inclusive com ataques virulentos contra a Igreja Católica. Jean Wyllys na realidade vem se mostrando um extremista preconceituoso e tem seguidores, pois recentemente afrontou todos os católicos ao se referir de forma ofensiva ao papa Bento XVI conceituando-o de “genocida em potencial e simpatizante do nazismo” pelo seu discurso que versou sobre as origens da crise econômica mundial e educação dos jovens do seguinte teor: “Dentre estes (locais de educação), conta-se em primeiro lugar a família, fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher; não se trata duma simples convenção social, mas antes da célula fundamental de toda a sociedade. Por conseguinte, as políticas que atentam contra a família ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade.” Jean Wyllys, mostrando ignorância cultural e religiosa, queria um chefe de uma igreja bimilenar e dogmática discursando o quanto é belo e abençoado o casamento homossexual, mesmo diante da impossibilidade biológica de se formar uma família.

Penso que é impossível dormir com um barulho desses. Acusar os outros de homofobia e racismo é fácil. Difícil é manter-se íntegro de suas convicções sem enveredar para a intolerância e o odioso patrulhamento ideológico como bem conceituou Cacá Diegues quando lançou o termo por ocasião do lançamento do filme Chuvas de Verão em 1978: “Tudo que escapar a esta codificação será patrulhado”.

Assim como nos julgamentos da pequena comunidade da Nova Inglaterra, Marco Feliciano vai se tornando dia a dia um exemplo de ignorância, preconceito e intolerância de gente que vê demônios por todos os lados. Enquanto o pastor Feliciano não for lançado à fogueira, não haverá paz na nossa Salém.










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