Colunista
Fábio Campana

04.05.15
A guerra dos cabides

Corre em Brasília uma história emblemática que nos dá ideia do que é o poder nas mãos de Dilma Rousseff e do PT. Consta que num dia de maus bofes, a presidente não gostou da arrumação que Jane, sua ex-criada no Alvorada, fez de seus vestidos.
Irada, Dilma Rousseff perdeu as estribeiras, o que não é novidade. Jogou cabides na moça que, no ato, revidou, jogando os mesmos cabides na presidente. Jane perdeu o emprego, mas na campanha de 2014 acabou ganhando uma casa no programa Minha Casa, Minha Vida, emprego novo e, supostamente, até um dinheirinho.
O incidente palaciano ficou conhecido como “A guerra dos cabides”. O que mais chama a atenção nesse enredo típico de nossa época não é a agressividade de dona Dilma, nem a reação da criada Jane. É o epílogo típico desta época em que a pátria em chuteiras naufraga em mar de corrupção e tem na mentira e na virulência o traço mais marcante da turma que a governa.
Vejam bem. A criada ofendida, demitida, expulsa do Palácio, foi procurada por emissários autorizados do PT para uma conversa que se encerrou num tratado de não beligerância. Jane, a criada, emudeceu, não contou nada a ninguém, e saiu premiada com mimos da Caixa Econômica.
Um pequeno exemplo dos métodos e costumes do PT e de seu governo. Agora multipliquem esse gesto em proporções da corrupção petista. Vamos a um exemplo recente. Para quem não tem ideia do que significa o novo esquema descoberto pela Polícia Federal envolvendo a agência Borghi/Lowe e a Caixa Econômica Federal, é bom dizer que no ano passado a instituição financeira investiu R$ 2,3 bilhões em propaganda.
Isso mesmo, não se assustem. A Caixa é o banco que mais investe em publicidade. O BV, que na linguagem dos publicitários significa bônus por volume de gastos devolvido ao cliente e que a Polícia Federal acredita que foi desviado, pode significar um montante muito superior ao da agência SNP&B, de Marcos Valério, no escândalo do Mensalão.
Lembram do Valérioduto, criação mineira para desviar dinheiro através de agência de propaganda para irrigar as trapaças e a corrupção do PT? Pois agora temos o Hoffmannduto, de Ricardo Hoffmann, do arraial de Gleisi Hoffmann, que fez o mesmo em valores multiplicados milhares de vezes. O Mensalão é fichinha quando comparado com o Petrolão, garantem os procuradores da Justiça Federal.
O povo reagiu. Foi às ruas. Protestou. Deu em nada. Nenhum sinal de mudanças, a não ser a desgraça que acompanha as medidas de ajuste para salvar o governo do PT do buraco.
Vivemos tempos bicudos, assustadores. De um lado, o fracasso rotundo do governo do PT em seu mar de lama. De outro, a sociedade que tem neurônios em pé de guerra. Dessa polarização, em um país de precárias tradições democráticas e dominado por uma avassaladora crise identidade – antes que política econômica e moral – surgem as condições ideais  para as manifestações mais aterrorizantes. Aparecem os que defendem o golpe de mão, à esquerda e à direita, para a aventura totalitária.
É a nossa miséria cultural. Não é impensável que o mesmo tipo de irracionalidade que leva cidadãos sofredores a esquecerem as desgraças quando o seu time ganha, oponha nas arquibancadas da política os torcedores de candidatos em nome da salvação nacional. Tanto mais excitados quanto mais seguros das características taumatúrgicas de seus candidatos. É o que temos, no país em chuteiras, da guerra dos cabides, da ex-criada Jane e de dona Dilma. Oremos.

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