Colunista
Luiz Geraldo Mazza

09.04.14
Emulação necessária

A cada momento somos tentados para identificar o nosso efetivo posicionamento no chamado Brasil Meridional a um confronto com o que se dá com os nossos vizinhos gaúchos e catarinenses. O fato de não estarmos num momento bom (grandes obras como se davam no neysmo e governos subsequentes até o corte representado pelo PMDB, que ainda assim tocou a ferrovia de Guarapuava a Cascavel e obras de porte, como a usina de Segredo, tal qual se deu agora com Mauá) perturba a visão e passa a valorizar fatores negativos: levantamento do Ministério da Saúde indicou que nos dois primeiros meses do ano registramos 6.851 doentes de dengue contra 106 do Rio Grande do Sul e 31 de Santa Catarina.

Embora a especificidade desse surto endêmico, o fato impõe a necessidade dessa aferição até porque lá pelos anos 60, quando a euforia marcava o nosso modo de ser diante das obras empreendidas, formulamos um apelo: “Paraná, Segundo Estado do Brasil”, no governo Paulo Pimentel. Ora, se se tratava de uma utopia, por que não o primeiro? Obviamente não decorria da origem do governador, um paulista do interior, mas da expressão mais forte da economia e da sociedade paulista, inimaginável como superada.

 

Nem no Sul

Na verdade, como tenho dito sistematicamente, não somos, dependendo dos indicadores, se sociais ou econômicos, nem o segundo no próprio Sul. Se nos damos bem em fatores econômicos, ameaçando a posição do Rio Grande do Sul, hoje ainda em disputa pelo quinto espaço na renda interna, perdemos feio nos indicadores sociais como escolaridade (apesar da insistência do nosso valente professorado em esquecer, nas suas demandas, que seu desempenho em termos nacionais não é nada consagrador) e expectativa de vida.

Em viagem de férias a Santa Catarina percebi nas plantas de fábricas, em obras públicas e também em mensagens televisivas uma presença mais forte daquele Estado, ainda que sem tantos ministros como nós. É verdade que há algumas iniciativas novelescas como a BR-101, todavia que espanta pela envergadura de obras de arte como as do viaduto gigante transpondo a baía nas imediações de Laguna.

Não é, portanto, pelo “ranking” de ministros que se obtém maior presença política, mas pelo comando de operações vindo do governo e de sua base parlamentar. Mas só apoio popular também é insuficiente, pois é visível, nas pesquisas eleitorais, a identificação da maioria do público diante do seu governador, que enfrentará, ao que tudo indica, em pleito plebiscitário, a ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann.

Não há injeção possível de otimismo que restabeleça o equilíbrio quando o governo Beto Richa cometeu um pecado imperdoável: o de não ter detalhado, com todas as suas cores berrantes e barrentas, a herança recebida do antecessor e que é a causa-chave da situação financeira. A contundência da crise amplia a dimensão dessa falha e tanto que um dos causadores, o senador Requião, se arvora como capaz de sanear o Estado que tanto comprometeu, o que soa como ironia apropriada, porém, ao tipo de política de praticamos que transita entre dois personagens de ficção: Macunaíma, de Mario de Andrade, e o coronel Odorico Paraguaçu, de Dias Gomes.

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