Colunista
Luiz Geraldo Mazza

14.09.12
Capacidade de resposta

As respostas do Paraná ao pacote da Dilma Rousseff de R$ 133 bilhões foram aparentemente contundentes, já que temos o defeito de falar para dentro e não para fora. Todavia os ministros criticados como omissos Paulo Bernardo, das Comunicações, e Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, contestaram e ambos falando de uma de nossas deficiências: falta de projetos.

Uma meia verdade foi respondida com outra: não havia como negar uma unidade federativa como o Paraná as vantagens da logística imaginada pelo papel de tradição exercido como elemento estratégico na produção de divisas, mas de outro lado não dá para negar o apagão de estudos na área de planejamento e programação que se constituíam numa rotina até o PMDB assumir o governo e depois sua contrafação, o PSDB. Apenas no começo do governo José Richa até a crise dos dólares, que sacrificou o titular do Planejamento, Belmiro Valverde Castor Jobim juntamente com o acusado, o secretário da Fazenda, Erasmo Garanhão, seus dois mais importantes secretários, ainda havia planejamento e engajado doutrinariamente na linha do governo, a da participação democrática, com comunidades opinando sobre a aplicação das verbas municipais.

Pioramos muito

A piora hoje é tanta nos nossos estamentos (não dá pra comparar o padrão de executivos que tínhamos no passado tanto na administração direta como também na indireta) que qualquer avaliação pode dar a impressão de que se está a idealizar o ontem em desfavor do hoje. É dessa época a exportação de quadros para o governo federal, todos testados no comando de estatais notadamente a Copel ou ainda o Badep, sucessor da Codepar, Companhia de Desenvolvimento Econômico do Paraná.

Mas é do conjunto dos feitos que implicou numa revolução gerencial e que deu estradas, energia e telecomunicações que havia uma rotina de estudos com os agentes debruçados sobre os problemas, o que hoje obviamente não acontece.

Pior do que um caso como esse do esquecimento ou do desprezo por nossas aspirações, que se afirma ter ocorrido com o pacote, foi, por exemplo o debate em torno do terceiro polo petroquímico do Brasil, uma aspiração tanto do Paraná como do Rio Grande do Sul. Nosso estudo, tecnicamente, era superior ao dos gaúchos, mas eles levaram a melhor politicamente como em tudo, por exemplo, no caso da federalização do ensino superior estadual por Tarso Dutra na pasta da Educação na qual tivemos Flávio Suplicy de Lacerda, Ney Braga e Euro Brandão e não conseguimos sequer que aquele ministério pagasse os servidores do Hospital de Clínicas. O polo ficou em função da Usina Alberto Pasqualini e não da Usina Presidente Vargas de Araucária. Em razão das alegações logísticas acabamos, na continuidade, ganhando uma unidade de amônia e ureia, fundamento da petroquímica, hoje afinal privatizada, como forma de compensação.

Gente mobilizada

Parece que a doutrina do neysmo, aparentemente abstrata, operava no plano real: “somos todos uma só força”. Havia uma rotina de reflexão e de trabalho nas unidades descentralizadas de planejamento, daí essa capacidade de resposta rápida e mais do que isso eficiente. Quando por exemplo se acentuou a campanha de erradicação do café os técnicos do governo, preocupados com a migração da mão de obra, bolaram uma proposta substitutiva assentada na cana-de-açúcar com numerosas usinas em pontos de polarização.

Nem tudo era uma maravilha: indústrias de óleos vegetais e de pasta mecânica mudavam de mãos por se tornarem antieconômicas e o mercado as absorvia. Havia, porém, monitoramento, acompanhamento e a cada crise uma resposta. É verdade que não recebemos compensações justas pela perda de terras agricultáveis de primeira linha para a construção de represas tanto no Paranapanema como após no Paraná, porém estávamos atentos a tudo e não seríamos naquele tempo esnobados, da forma, como se deu agora, com um pacote oficial. Havia respeito e prestígio dos nossos quadros. Aqui se a mobilização pelas causas sérias fosse semelhante à voltada para as eleições municipais estaríamos bem. Não pensam naquilo, só nisso, a manutenção no poder.










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