O imaginário de Paulo Greuel

O fotógrafo Paulo Greuel faz parte de um seleto grupo. É com a sua criatividade, imaginação e sensibilidade que conquistou um lugar especial no mundo da fotografia. Quando perguntei, a primeira vez que conversamos por telefone, se além do seu impressionante trabalho publicitário ele tinha um trabalho pessoal, respondeu que não fazia distinção entre a fotografia artística e a comercial. Com seu imaginário cria as fotografias para campanhas publicitárias e para editoriais de importantes revistas. Os diretores de criação e de arte, os editores o chamam para que ele crie a peça ou a campanha. Não trabalha com layouts. “No briefing com diretores de arte de agências ou revistas, eles diziam que queriam a minha visão imagética com total liberdade de expressão. Davam os produtos, eu desenvolvia as fotos, quando prontas, agendava um meeting e apresentava a produção. Em seguida entregava as fotos.”
Com 40 anos de profissão no exterior, Paulo fotografou para marcas como a Nikon, Boss after shave, Commodore Computers, Deutsche Telekon, MacCain, Gerresheimer Glas, Swarovski, Air France. Editorais para revistas: Mondo, Uomo, Vogue Italia, Stern, Max, Donna (Milão), Taxi (Nova York).
Além da Europa e Estados Unidos, trabalha também para seu país: Casa Vogue, com retratos de Jean-Luc Monterosso (diretor da Maison Européenne de laPhoto); Elle Brasil, com retratos de Arnaldo Antunes; fez para a Wish Report um editorial de joias com a top model russa Eugenia K.
Paulo Greuel nasceu em Curitiba, mas foi criado em Blumenau, Santa Catarina. Lá, deu os primeiros passos e depois foi morar com a família na Alemanha. Teve contato com a arte da fotografia e aos 18 anos ganhou um ampliador para P&B e um kit de revelação. Voltou para Blumenau onde trabalhou junto com o fotógrafo Daniel Curtipassi. Quando sentiu que estava preparado, retorna para Alemanha, Düsseldorf. E nessa cidade com “uma vida artística muito intensa”, segundo Paulo, desenvolveu seu incrível trabalho fotográfico autoral.
Hoje o fotógrafo mora na praia de Campeche, em Florianópolis. “Fazendo um passeio na praia do Campeche num dia de agosto de 1996, dia de frio, com um vento sul forte, é que me senti contaminado por uma espécie de energia que denominei ` magiacampecheana´”. E continua a trabalhar: “Eu vivo de fotografia. Foi uma decisão básica, desde o início. Fotografia autoral também é comercializável, por isso meu ganha pão sempre foi e continua sendo a fotografia. A diferença só está entre vender direitos autorais para a publicação ou vender a ampliação com tiragem limitada”.
Participou com o seu trabalho de várias exposições: “Fotografias Tropicais”, 2006, na Galeria Múltipla de Arte em São Paulo e na Neuhoff Gallery em Nova York. Participou da “Foto 90” no MAM do Rio de Janeiro, e em 2010, “Novas Aquisições 2007-2010”: Coleção de Gilberto Chateubriand, no Museu de Arte de Santa Catarina. E o colecionador de obras de arte Gilberto Chateubriand tem em seu acervo 26 fotografias do autor, sete delas ditas “comerciais”.
A revista Photo Magazine publicou em seu número 58 algumas fotografias que Paulo produziu em seu novo habitat e que agora também a Ideias publica.
Nessas fotografias em especial o fotógrafo ultrapassa o figurativismo da imagem. Não se atrela à chamada “realidade objetiva”, como querem alguns, mas a transforma ou transfigura. A interferência e a manipulação ultrapassam o mero registro mecânico e modificam nossa percepção da imagem. Com sua visão no momento do registro e posterior transformação das imagens, Paulo Greuel, pelo menos nas fotos aqui publicadas, faz uma mescla entre lirismo e humor, num clima onírico.
Além das conversas que tivemos, procurei mais informações em dois artigos publicados na Photo Magazine com textos de Nildo (Bola) Teixeira – donde tirei algumas citações do autor – e do site www.paulogreuel.com.
Para os interessados, o site de Paulo Greuel vale uma meticulosa visita.