Noite de menino

Há muito que a poesia é prioridade aos nossos olhos. Mesmo que não se perceba, tudo que rodeia, com um pouco mais de atenção, vira linhas de beleza e de dor. Sem rimas, com rimas, com choro, com velas. A poesia está para a pessoa, assim como a pessoa está para fé ou para a ilusão. E tem uns, mais que outros, que percebem e descrevem a vida. Aquilo que única e exclusivamente consegue permanecer. As linhas de poeta. Destes, temos um hoje, cá, Fábio Campana, que no último dia cinco de setembro, deu ar da graça, mostrou seu menino, aquele que foi e que é, que nunca deixou de ser. Seu livro de poemas O ventre, o vaso, o claustro: canções de ex-menino para amor sem nome está no mundo, concreto, mesmo que há muito já pertencesse ao do poeta.
Desde a infância diz que se perdia na biblioteca do avô, a ler, a ouvir. Em meio aos versos que vinham dessa e de outras línguas o contato firmou. Estava consumado. Já adulto, colocou um pouco de si na grande história, fez poesia. Como quem vasculha, escreveu Susana Volpi, Campana escreveu. Buscou seu próprio caminho, revelando e descobrindo os pensamentos mais íntimos. Hoje em forma de livro, suas confissões, suas cartas, seus desejos e ternuras nos são expostos. Sem deixar de lado seus traços, ilustrações leves se movimentam ao redor de suas poesias. Revelam vontades, que escorrem em linhas, que tremem, que se manifestam.
E chegou como quem brilha. Numa noite de dia com sol, no Dizzy Café Concerto. Rodeado de amigos, leitores e jazz, Fábio Campana deu entrevistas, autógrafos e entregou sua confissão a quem quisesse ter e compartilhar. Inteiro. Trocou sorrisos, abraços e palavras. Foi menino mais uma vez, como foi e é, como nunca deixará de ser.