Queda

Osso. Queda. Quebra. Salto.
O corpo coberto de cicatrizes
desta vez visíveis
Escancara o medo e a dor
Percebo na fissura dos cortes
a estreiteza dos gestos, a falta da delicadeza, toda a minha ausência
a obtusa e involuntária vontade de desmanchar-me
derreter-me
partir-me
perder-me
Caio num passo em falso
desafio a rua e o concreto
a valher-me
a engolir-me
O grito represado na garganta
faz sangrar as feridas
marcadas para sempre
na noite longa
na passagem
no pensamento
no caminho
na estrada sem fim
na minha pele interminável