Poemas Grego

Pártenon
Quem transformou o tempo em doce cântico
de pedra? Bem: Calícrates, Ictinos,
esses foram os deuses arquitetos.
Suas colunas dóricas são quantas?
São elas que sustentam na espádua
mais que perfeita, a abóbada celeste.
Cornijas, capitéis, plintos, volutas:
se é bom sonhar é esse o sonho grego,
sangue branco a fluir dentro do mármore.
(Como suster o céu, sem a arquitrave?)
Acrópole
Sonho de Deus, divina fantasia,
a música tornou-se arquitetura,
o cântico de pedra, geometria,
a humana imperfeição, beleza pura.
Pitágoras e a música das esferas
Cantos panateneicos, quem vos canta
no silêncio hierático da nave
vazia, sem ninguém?
Bloco de mármore
para uma estátua
Na placenta de pedra dorme o puro
corpo da deusa Atena prometida.
Logo chegará Fídias, com seu duro
cinzel-fórceps para dar-lhe vida.
Erictêion
É dura e fria a pedra. Em suas veias,
como um voo em surdina corre o sangue
da Ática imortal – imortalmente.
Na calma arquitetura do silêncio
o mármore volátil canta. Canta
ao som das flautas das panateneias.
(Quem sequestrou os tríglifos e as métopas
dos leves, longilíneos frisos dóricos?
Atenas
Aqui, o tempo congelou: é mármore.
Mas estremece como um corpo vivo.
Fídias
Cresce no ar o som intermitente
do escopo e do cinzel ferindo a pedra.
(Tuas mãos, Fídias, não se cansam nunca.)
Propileu
Sentado num pilar de mármore quebrado,
fito em silêncio as colunas do Propileu.
Fico a pensar no destino das cariátides
que morreram há muito, enquanto esqueço o meu.